O Laboratório de Geologia Isotópica - Pará-Iso - do Centro de Geociências (CG) da Universidade Federal do Pará (UFPA) entrou em funcionamento em 1983, sob a coordenação do Prof. Ariel Provost (França), com o apoio do Prof. Thomas Scheller (Alemanha) e do bolsista DCR/CNPq, Moacir Macambira. Na etapa de instalação do laboratório, foi fundamental o apoio do Prof. Koji Kawashita do Centro de Pesquisas Geocronológicas da Universidade de São Paulo. Naquela ocasião, o Pará-Iso contava com um espectrômetro de massa de ionização termal (TIMS, thermo ionization mass spectrometer), modelo ISOMASS 54E, adquirido em 1981. Essa equipe implantou o método Rb-Sr em rocha total e minerais,  iniciando uma linha de colaboração a diversos pesquisadores vinculados ao CG da UFPA e a outras instituições nacionais e estrangeiras.

 A dificuldade em conseguir contratar especialistas em geocronologia e geoquímica isotópica levou ao desenvolvimento de um programa de treinamento para formação de pessoal nacional. Com isso, foram fixados à equipe inicial os Profs. Moacir Macambira e, posteriormente, Candido Moura.

Em 1986, o Prof. Jean-Michel Lafon (França), especialista no método geocronológico U-Pb em zircão, ingressou no Pará-Iso em substituição ao Prof. Provost. A vinda do Prof. Lafon permitiu a saída para o exterior, de dois professores do Pará-Iso: Moacir Macambira (França) e Candido Moura (EUA), a fim de desenvolverem doutorados em geocronologia e geoquímica isotópica . Nesse ínterim, o Prof. Lafon coordenou a implantação do método Pb-Pb em rocha total e minerais, e adequou a sala de química do Pará-Iso às condições de limpeza obrigatórias para a implantação do método geocronológico U-Pb em zircão. Com a conclusão dos doutorados dos professores Macambira e Moura, o Pará-Iso passou a contar, em 1992, com um quadro de quatro doutores permanentes.

Em 1993, após uma reforma de suas instalações custeadas pela UFPA, o Pará-Iso acolheu, como Professor Visitante, o Dr. Henri Gaudette (Universidade de New Hampshire - EUA). O Prof. Gaudette, juntamente com a equipe do Pará-Iso, implantaram o método de datação de monocristais de zircão por evaporação de Pb (Pb-Pb em zircão). Recente e dominado por poucos laboratórios no mundo, o método Pb-Pb em zircão tem fornecido resultados de grande precisão, com rapidez e segurança.

A expansão do quadro de pesquisadores do Pará-Iso e a demanda analítica existente levou a direção do CG/UFPA, em 1994, a ampliar o espaço físico do laboratório visando a sua modernização instrumental e a instalação de seus pesquisadores em espaço adequado. Assim, foi submetido, em 1995, ao programa PADCT, um projeto para aquisição de um novo espectrômetro  de massa marca Finnigan, modelo MAT 262. Esse TIMS, equipado com o sistema de multicoleção, permitiu a ampliação e o melhoramento das metodologias analíticas utilizadas no laboratório. Merece destaque, como exemplo, a imediata implantação do método Sm-Nd. Além disso, foi sensivelmente melhorado o método Pb-Pb em zircão, já que o novo equipamento permitia empregar a técnica de filamento duplo, o que aumenta a precisão analítica.

A segunda metade da década de 1990 foi dedicada a consolidação do Pará-Iso como o único laboratório de geocronologia da região Norte e Nordeste do país,  e de sua inserção no cenário nacional da pesquisa em geologia isotópica. Para isso, foi dedicada atenção especial à ampliação da cooperação científica com outras instituições de ensino e pesquisa do país e na prestação de serviços a empresas e instituições. Nessa ocasião iniciou-se a colaboração com geólogos da PETROBRAS na análise isotópica de estrôncio em carbonatos visando estudos geocronológicos. Dessa parceria surgiu a decisão de ampliar o espectro de atuação do Pará-Iso com a aquisição de um espectrômetro de massa para isótopos estáveis leves (IRMS, isotope ratio mass espectrometer). Com recursos da FINEP/CTPETRO, foi adquirido o IRMS Finnigan MAT 252, com um sistema KIEL-III de extração de CO2 em carbonatos on line. Este sistema, que está em pleno funcionamento desde meados de 2002, é capaz de realizar micro análises de amostras de carbonatos (menos de 100 µg de amostra) e é o único instalado em instituições de ensino e pesquisa no Brasil.

A opção por ampliar as atividades do Pará-Iso para isótopos leves não deve se restringir ao estudo de carbonatos. O MAT 252 foi intencionalmente adquirido com um sistema de detenção de hidrogênio e deutério (H/D) pois, no futuro próximo, pretende-se implantar a determinação isotópica de H/D e O em águas naturais.

A modernização das técnicas analíticas empregadas no laboratório é uma preocupação permanente dos pesquisadores do Pará-Iso. Em função disso, tem-se buscado ampliar o quadro de colaboradores através da contratação de professores visitantes e/ou de bolsistas de Desenvolvimento Científico Regional, que atuam no aperfeiçoamento e na implantação de novas metodologias. Dessa forma, com a colaboração do Dr. Robert Krymsky (Rússia) foi colocado em rotina o método U-Pb por Diluição Isotópica em zircão (monocristal polido) e em outros minerais acessórios, como titanita, apatita e rutilo.

 O Laboratório Pará-Iso, junto com a USP, a UFRGS e a UnB, integram a Rede Geochronos – Rede Nacional de Estudos Geocronológicos, Geodinâmicos e Ambientais, a qual foi implantada com recursos da Petrobras, Ministério da Ciência e Tecnologia e Ministério de Minas e Energia. A Rede tem como objetivo a geração de dados analíticos de alta precisão em geocronologia e geoquímica isotópica nas áreas de petróleo, mineração e ambiental.

Como resultado de sua participação na Rede Geochronos foi instalado no Laboratório Pará-Iso um espectrômetro de massa com fonte plasma e sistema de ablação a laser – ICP-MS-LA - modelo Neptune fabricado pela Thermo Scientific. Esse equipamento permite a determinação do teor e da composição isotópica de diversos elementos (Sm, Nd, U, Th, Pb, Lu, Hf, Sr, Fe, Mo, Mg etc.) em material sólido e líquido. A instalação do ICP-MS-LA possibilita a ampliação dos campos de atuação do Pará-Iso nas áreas de petrologia, geoquímica, geotectônica, prospecção mineral, exploração de petróleo e meio ambiente. A possibilidade de realizar análises pontuais com o sistema de ablação a laser abre uma nova fronteira nas análises isotópicas.

Paralelamente à instalação do ICP-MS-LA, o Laboratório Pará-Iso também reforçou e ampliou a sua infra-estrutura laboratorial com novas salas de química ultra-limpas, além de espaço físico adequado para receber pesquisadores, estudantes e profissionais em geociências, consolidando a sua vocação de laboratório multi-usuários. Nestas 3(três) décadas de existência, o Pará-Iso tem se destacado no auxílio às investigações geocronológicas e de evolução crustal no Brasil, sobretudo na região  Amazônica. Os dados isotópicos aqui gerados têm sido ampliados, progressivamente, para apoiar estudos ambientais, estratigráficos, metalogenéticos e em apoio à exploração de hidrocarbonetos.

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